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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Parte 7




Parte 7

Thomas
Ao ver Sofia saindo às pressas, ficou sem entender direito o que tinha acontecido ali. Ficou confuso, mas não queria se precipitar a pensar algo errado.
Durante aqueles minutos aguardando a roupa, Thomas via flashes da figura de Sofia e de seu sorriso incrivelmente bonito. Quando voltou a si, Lucas o estava chamando:
- Senhor... Senhor!
Thomas olhou espantado. – Me desculpe. – disse timidamente.
- Temos uma promoção especial para novos clientes. Seu primeiro cadastro de peças é gratuito, se caso quiser voltar aqui, pegue meu cartão. Tem um numero de protocolo que posso cadastrar em seu nome.
Sorrindo Thomas respondeu:
- Muito obrigada.
- Suas peças já estão prontas.
Thomas agradecendo mais uma vez, pegou as duas peças já dobradas e as guardou na mochila. Saiu do estabelecimento, guardou o cartão em um dos compartimentos de sua carteira, e caminhou em direção ao carro ainda confuso com a situação de minutos atrás.

Clara
Não aguentando mais ser pressionada por Sofia a se manter inerte em relação a Thomas, Clara decidiu tomar uma atitude. Pegou seu celular e começou a discar os números e foi interrompida por uma ligação de Sofia.
Após ouvir barulhos estranhos de uma ligação com um péssimo sinal, Clara perguntou:
- Alô? Sofia?
Continuava a ouvir aquele barulho irritante e decidiu desligar e tentar outra ligação a ela.
- Tudo bem? O sinal esta muito ruim!
Não conseguindo resposta nenhuma, viu que a ligação tivera sido interrompida novamente.

Sofia
Irritada entrando no estacionamento de seu prédio, esperou para tentar outra ligação quando chegasse a seu apartamento. Sofia não tinha certeza se contava a Clara sobre o acontecimento daquela manhã, ou se deixava esse trabalho para Thomas. Ela estava confusa, com muita dor de cabeça e com uma aceleração incomum nos próprios movimentos.
Ao chegar à porta de seu apartamento, deixou a chave cair. Ao se abaixar para pegar a chave, deixou a bolsa cair.
- Merda! – disse em voz alta e consequentemente seu vizinho saiu preocupado.
- Precisa de ajuda? – disse ele.
Sofia respirou fundo. - Não obrigada. – levantou-se com a chave na mão e entrou no apartamento.
Jogou a bolsa em cima do sofá e foi até seu armário para procurar uma aspirina. Ao encontrar abriu a geladeira, procurou água e só encontrou vinho.
- Como se já não bastasse... – respirando fundo mais uma vez, pegou um copo e encheu de água da torneira.
Tomando os dois comprimidos de aspirina, se deitou no sofá. Olhando a luminária do apartamento lembrou-se que esse estresse e essa agitação poderia ser qualquer coisa, não necessariamente o encontro com Thomas.
Ainda sem certeza se queria falar com Clara, fitou o celular. Uns minutos depois caiu no sono.

Clara e Thomas
Depois de esperar uma hora por mais uma ligação de Sofia, decidiu continuar o que estava fazendo antes. Discou novamente os números de Thomas e esperou calmamente até a ligação se completar.
- Clara! – disse Thomas.
- Oi Thomas, tudo bem?
Thomas organizou os pensamentos na cabeça e ajustou uma frase para contar a Clara que tinha conhecido Sofia.
- Tudo... Aconteceu uma coisa engraçada hoje.
- Sério? O que?- perguntou Clara.
- Bem, eu estava numa cafeteria e uma garota esbarrou em mim, entornando café na minha roupa e por coincidência a garota era Sofia!
Clara atônita com a notícia pensou se talvez ela tivesse ligado para contar sobre esse acontecimento, ou se ela ainda não sabia que Thomas era mesmo “o Thomas”.
- Ela sabia quem era você?
- Na verdade, ela descobriu depois. Foi tudo muito rápido, ela disse que tinha um compromisso e não deu tempo de conversarmos, mas ela me indicou a lavanderia que ela usa. Foi muito simpática.
- Oh, sim. Entendi.
- E... Como você esta Clara?
- Esta tudo bem por aqui.
A conversa continuou como de costume, os assuntos fluindo. Clara queria saber mais detalhes sobre essa coincidência entre Sofia e Thomas, queria saber também o que Sofia achou dele... Enfim, tinha muitas perguntas a fazer, mas queria conversar disso pessoalmente e com bastante tempo livre.


Sofia
Depois de dormir por quase duas horas e meia, Sofia se levantou num salto do sofá se sentindo muito melhor. Alongou o corpo e foi tomar um banho quente para ver se saía no seu dia de folga para espairecer. Tinha ido até a cafeteria e acabara piorando seu estado mental, e deixando o físico tenso. Tinha sido uma má ideia. Então, depois do descanso, um banho quente e talvez uma comida japonesa.
Depois de decidir buscar a comida japonesa, ao invés de pedir por telefone, vestiu uma boa roupa, arrumou o cabelo e fez uma maquiagem leve.
- Talvez... Seja hoje um daqueles malditos dias que eu encontre um ex. Caso seja isso, espero que pelo menos esteja bonita pra não causar pânico. – disse ela enquanto passava rímel.
Deu uma ultima olhadela no espelho em sua saia floral rodada, salto médio preto e sua blusa decotada no mesmo tom avermelhado de uma das rosas da saia.
- Acho que estou bem. – disse ela virando de um lado a outro na frente do espelho.
Estacionou na esquina da rua onde ficava o restaurante. Ao chegar à porta respirou fundo e observou todo o restaurante para achar um lugar bom para se sentar.
Fez o pedido, e pediu para esperar com uma pequena dose de saquê. Enquanto esperava bebericando, seu celular começou a tocar.
- Sofia? Eu estava passando pelo seu prédio... – disse a pessoa, que quando ela reconheceu a voz já sentiu um arrepio.
- Eu não estou em casa. – respondeu rispidamente.
- Onde você esta?
- Onde você não vai me procurar porque não quero falar com você.
Um silêncio constrangedor de alguns segundos. A voz continuou:
- Por favor, deixa eu te ver. Você esta naquele restaurante de comida japonesa que você gosta né?
- Não. – disse ela já se levantando.
- Já estou chegando ai.
Sofia chamou a mesma garota que anotou seu pedido e pediu que cancelasse e pegasse a conta do saque que ela estava indo embora. Quando estava passando, quase correndo pela porta, foi surpreendida e esbarrou em alguém.
Ao olhar para pessoa para pedir desculpas viu que era Thomas.
- Duas vezes no mesmo dia, já tô achando que você quer me derrubar. – disse ele delicadamente.
- Desculpa. – disse ela fitando seus olhos azuis. – Estou com um pouco de pressa agora. Não quero que uma pessoa que acabou de me ligar me encontre... – fez uma pausa e seu coração em disparada percebeu que ele já se aproximava e continuou. – Que por sinal, ele já esta vindo atrás de você.
- Olá minha princesa. – disse o cara com um tom irônico.
- Desculpa Thomas, tenho que ir. E você? – olhou para o homem atrás de Thomas. - Vá à merda.
Sofia foi o mais rápido que pôde até seu carro. Thomas preocupado foi atrás dela e disse:
- Eu posso te acompanhar já que não quer falar com aquele cara...
Sofia viu que o rapaz vinha em sua direção olhou para Thomas e disse:
- Obrigada, onde seu carro esta?
- Não estou de carro agora...
- Então te dou uma carona até onde você precisa ir, em troca dessa... “Proteção”.
- Tudo bem.
Eles caminharam até o carro, mas o homem continuou a segui-los. Bateu no vidro quando Sofia fechou a porta, mas não teve chances quando ela acelerou o carro.
- Desculpa pela cena constrangedora. – disse Sofia ofegante.
- Seria forçar intimidade se eu perguntasse o que foi isso? – perguntou Thomas.
- Sabe aquele ex-namorado que foi um idiota com você, mas mesmo assim ele acha que você vai querer alguma coisa com ele? Já me mandou flores, me mandou cartas, me ligou pedindo desculpas... – Sofia respirou, ao parar no semáforo fitou Thomas e continuou - Eu não tô mais afim de me enganar de novo.
Thomas fitou Sofia e por impulso perguntou:
- Você conseguiu jantar?
Sofia sem pensar direito no que estava fazendo respondeu que não.
- Tinha acabado de fazer meu pedido quando ele me ligou, tinha que sair o mais rápido dali e cancelei tudo. Só beberiquei um pouco de saquê.
- Ok, vire à direita.
Sofia seguiu as indicações de Thomas, que deram em uma lanchonete.
- Aqui? - perguntou Sofia.
- Sim, pode não parecer nada de especial, mas tudo aqui é uma delícia!
Sentaram-se numa mesa mais no fundo um de frente para o outro.
- Bem... Faça as honras. Não conheço nada por aqui, você deve saber o que é bom. – disse Sofia ao olhar o cardápio.
- Ok então. – disse Thomas levantando a mão, chamando a garçonete. – Quero uma porção de batatas especiais e bacon, com dois cheeseburgers completos e uma torre com duas colheres. – disse Thomas quando ela se aproximou.
- Torre completa senhor? – disse a garçonete com um batom extremamente forte e mascando chicletes.
- Sim, a torre completíssima. Mas traga só quando terminarmos a primeira parte.
- Ok. Batatas especiais e bacon, com dois cheeseburgers completos e a torre pro final. Mais alguma coisa?
- O que vai querer beber? – perguntou Thomas para Sofia.
- Uhn... Pode ser refrigerante. – respondeu Sofia.
- Dois refrigerantes.
- Trezentos, quinhentos ou novecentos ml senhor?
- Eu quero de novecentos, e você Sofia?
- Quinhentos.
- Tudo bem senhores, as bebidas já estão chegando.
A garçonete foi se afastando da mesa e Sofia se sentiu obrigada a perguntar:
- O que é uma torre?
 Thomas riu, mas respondeu – Uma taça gigantesca do melhor sorvete que já comi.
- Tudo bem então... Mais uma pergunta.
- Diga. – respondeu Thomas apoiando os cotovelos na mesa.
- O que são batatas especiais? – perguntou Sofia.
- São batatas fritas misturadas com alguma combinação especial, que no nosso caso foi bacon. São especiais porque vem com muitos molhos e condimentos em cima. Uma delícia.
- Confio em você, caso for ruim, nunca mais acredito em você.
- Pode confiar. – disse Thomas entusiasmado.
Sofia passou a mão nos cabelos, e viu o celular tocando novamente com o número de seu ex.
- Droga...
- O que aconteceu? Outro compromisso? – disse Thomas com um olhar triste.
- Não... Olha! – Sofia mostrou o celular para Thomas. – É ele de novo. O que eu faço?
- Atende... Pode ser engraçado.
Sofia riu e atendeu.
- O que você quer? Desiste cara, não quero falar com você.
- Mas você não entende que eu já te pedi desculpas? – disse a voz do outro lado da linha.
- Pedir desculpas depois que faz não adianta... Olha, até adianta. Te perdoo, mas não quero mais ver você.
- Por que você faz isso comigo?
- Perguntei a mesma coisa quando te peguei me traindo, agora me esquece. – disse Sofia interrompendo a ligação. – Desculpa por isso... – disse Sofia a Thomas.
- Eis a solução. 
Thomas pegou o telefone da mão de Sofia. Desligou, tirou a bateria e a guardou no bolso.
- Te devolvo quando acabarmos aqui.
- Por mim, podia jogar isso no lixo. Não quero ser atrapalhada.
Eles riram e finalmente o pedido chegou. Comeram as batatas especiais e Sofia se surpreendeu de quão gostosas eram. Comeram os cheeseburgers e conversavam sem parar. O assunto fluía perfeitamente e Thomas era tão divertido que surpreendia Sofia.
- Nossa, estou muito cheia. – disse Sofia se apoiando nas costas da cadeira, mas continuou - Estou curiosa a respeito dessa torre, quero provar!
- Não vai se arrepender. – disse Thomas levantando a mão para a mesma garçonete, que veio sorrindo.
- A torre senhor? – perguntou ela.
- Sim, a torre. – respondeu Thomas.
De repente Sofia viu passar por uma porta uma taça das maiores que já tinha visto, lotada de sorvete de creme, com castanhas por cima da cobertura de chocolate. Ficou surpreendida, mas nada podia fazer o dia terminar melhor do que uma taça gigante de sorvete.
- Meu deus! – disse Sofia se ajustando na cadeira.
- Eu disse que era gigante. – respondeu Thomas ajudando a garçonete a colocar a taça em cima da mesa.
Ele pegou as colheres, colocou-as em cima da mesa e sentou. Ao sentar-se  sorriu para Sofia e a entregou uma colher.
Sofia observou-o comer o sorvete e acabou se perdendo um pouco em seus pensamentos. Ele era muito gentil, muito simpático, muito espontâneo... Tinha tudo o que nunca tivera encontrado num homem, ou melhor... Tinha tudo o que nunca encontrara em ninguém, e ela nunca definiu outros caras que tinha conhecido como homens, porque nunca agiram feito tal. Mas Thomas... Bem, Thomas era diferente.
Depois daquela noite num jantar simples, porém incrível. Sofia se sentia muito mais calma e estranhamente feliz. Thomas não deixou que ela pagasse a conta, nem dividisse nada, achou isso estranho, mas mesmo assim aceitou.
- Onde você mora? Posso pelo menos te dar uma carona em agradecimento?
- Tudo bem, mas vou avisando que é um pouco longe daqui.
- Não tem problema.
Sofia novamente seguiu as indicações de Thomas. Se esforçou para não esquecer o caminho de volta.
- Seria estranho se te perguntasse seu número Sofia?
- Não, acho que não... – respondeu Sofia, logo em seguida ditando o número para Thomas. – Se puder anotar o seu número aqui nessa agenda, é que não costumo guardar nada no celular porque vivo perdendo ou sendo roubada... – disse ela abrindo o porta luvas e apontando para uma agenda.
Alguns minutos e algumas indicações complicadas depois, Thomas finalmente disse:
- Pode parar aqui. Meu prédio é esse aqui na frente.
- Tudo bem. – disse Sofia encostando o carro. – Olha, muito obrigada pela noite.
- Eu que agradeço. Espero que o cara não te perturbe mais...
- Acredito que não vai... – disse Sofia encarando Thomas.
Thomas, tirando o cinto de segurança, encarou Sofia e ficou alguns segundos sem saber o que dizer e o que fazer.
- Boa noite Thomas... – disse Sofia sorrindo com o canto de seus lábios e se aproximou e deu um beijo no seu rosto. – Obrigada mais uma vez.
Ela sabia que estava próxima demais dele, e que se fizesse qualquer coisa errada estragaria tudo, mas mesmo assim não conseguia sair dali. Thomas passou a mão nos cabelos de Sofia e os colocou atrás da relha. Ela o encarou e num impulso os dois se beijaram.
Quando Sofia entrou novamente na realidade, puxou seu próprio corpo pra trás e disse:
- Por favor, me desculpa... Desculpa, desculpa, desculpa. - colocou as duas mãos no rosto e expirou.
- Por que está pedindo desculpas? – disse Thomas.
- Não sei. – disse Sofia fitando Thomas.
- Bem, eu tenho que ir agora. Boa noite Sofia, brigada pela companhia hoje. – disse Thomas sorrindo mais uma vez.
Depois de se perder duas vezes, Sofia finalmente chegou em casa. Respirou fundo e se sentou na cama.
- Droga! – disse ela ao lembrar que Thomas tinha ficado com a bateria de seu celular.
Sorriu quando viu que ao lado do número de Thomas na agenda estava escrito:
Brigada pelo esbarrão de hoje a tarde. Sem ele, talvez não teria tido um jantar tão bom.

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