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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ciúme.

Essa era a palavra que ele mais pensava dês de que percebeu que era isso que destruía praticamente tudo o que ele construía. A sensação de ter alguma coisa pra chamar de dele, já era motivo pra querer que isso não fosse mais nada de mais ninguém. Ele tivera se cansado de simples comentários trazerem tanto ódio para ele, não queria mais se sentir assim. Todas elas indo embora o classificando da mesma forma. Possessivo? Sim, com certeza era esse o termo. Mais uma, que vai e ainda acrescenta “descontrolado”. Qual o mal de querer ter pra ele o que era dele?
Acho que dês de pequeno ele sempre fora assim. As pessoas evitavam se aproximar, porque não queriam por perto um egoísta. Ele não entendia, talvez fosse algo fora do lugar em seu cérebro, alguma peça faltando, ou alguma coisa sobrando.
Ele queria se controlar, mas quando via qualquer tipo de situação em que ele se sentia ameaçado era motivo pra destruir a ameaça, ou destruir o que o levava a ser ameaçado. Nesse caso, eram sempre seus relacionamentos que o levavam a ser ameaçados e por alguns minutos sentia sair do próprio corpo, quando retornava as via indo embora dando costas pra ele. E depois ele não podia se explicar, não tinha se desculpar porque tinha feito a coisa errada, ele sabia.
Um dia sua pequena sobrinha de apenas seis anos, que tinha escutado os pais comentarem sobre os relacionamentos dele, perguntou - Por que você sempre perde as suas namoradas?
Ele com um leve sorriso, explicou: – Um dia você vai entender. Mas a única coisa que consigo te explicar agora é que eu não sei amar, quando eu amo acabo fazendo coisas erradas.
Ela olhou em seus olhos e perguntou – Por que você não para de fazer coisas erradas?
Ele suspirou e sorriu. Queria acreditar que fosse assim tão fácil, mas infelizmente todos os dias ele tentava fazer a coisa certa, por pouco acabava errando.
- Tem algo errado na minha cabeça, por isso não consigo fazer nada certo. – concluiu para ela, aproximando o seu pequeno corpo ao dele para abraçá-la.
- Não tem médico pra concertar cabeças? – perguntou novamente encarando-o.
Ele olhou em seus pequenos olhos e sentiu a inocência na pele, como tinha saudade de quando era criança. – Acho que a minha cabeça não seja um caso tão grave pra um médico. – respondeu.
Ela continuou ali embaixo de seus braços, enquanto pensava em algo que pudesse ajudar seu tio a se curar, ela queria que ele ficasse novamente com a cabeça boa, porque não queria vê-lo doente.
Ele continuou pensando em como poderia melhorar sua situação, se ele pudesse até tentaria nascer de novo, começar uma nova vida. Esse ciúme as vezes era mais forte que ele, mas ele queria mudar. Talvez ele só estivesse tentando mudar de uma forma errada, mas ele prometeu pra si mesmo que agora tentaria de uma forma diferente. Não queria perder as pessoas que ele gostava.
- Meu problema, talvez eu mesmo consiga concertar. Prometo pra você que eu vou concertar, e logo.
Ela abriu um sorriso enorme, ali ele sentiu carinho e amor saindo daquela criança. Ela tinha muita sabedoria, as perguntas dela sempre o faziam refletir por dias. Adorava aquele tempo que passavam juntos, sempre tinha algo pra aprender com ela. 
Agora ele estava ali, novamente refletindo sobre o que ela perguntara, agora ele queria ser diferente, e tinha uma promessa a cumprir. Não importa o que custasse, ele lutaria pra ser diferente dessa vez.

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