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sábado, 8 de janeiro de 2011

A chuva, a árvore e ela.

-...Ela está pensando em várias coisas que costuma pensar enquanto caminha sozinha, estava sem rumo. Muita grama, muitas árvores, pássaros... Ao olhar para o céu, percebeu o cinza que anunciava a tempestade por vir. Ficou ali com os olhos fixados no céu, quando percebeu que as gotas já estavam vindo em sua direção. Já com os cabelos úmidos, caminhou para de baixo de uma grande árvore a sua frente. Ali se sentou em uma parte alta da raiz reclinando sua cabeça para encostar-se a seu tronco. Não tinha expressão alguma em seu rosto. Vestia roupas simples, uma camiseta branca e uma calça. Bem, a camiseta já não era mais tão branca por conta da sujeira que vinha junto com as gotas que caíam das folhas da árvore. Ela não se preocupava com a chuva. Sabia que não devia estar ali, mas aquela mesma arvore, afinal, já havia lhe protegido de muitas tempestades antes. Sempre que se sentia mal, recorria para aquela mesma situação, algumas vezes com chuva, outras com sol, mas ela sempre ia até aquela mesma árvore em busca de refúgio, mesmo sabendo que às vezes se sujaria um pouco. Ali sentada ouvindo a chuva, se permitia muitas vezes chorar e naquela tarde não foi diferente. As lágrimas se misturavam com as gotas que escorriam de seus cabelos. Era um choro bem silencioso...- dizia ele, até que foi interrompido por um sussurro.
- Está contando o que sempre faço. Você é a arvore, quando preciso de proteção venho até você buscar sombra para o sol, me proteger da tempestade... Mesmo que eu chore aqui, mesmo que eu vá embora depois, você sempre vai estar aqui enraizado esperando por mim...
- Você sempre volta – a interrompeu, com a voz já rouca.
Ela estava com a cabeça encostada no peito dele, a camisa já estava úmida na parte em que os olhos dela estavam. Enquanto ela chorava silenciosamente naquela tarde, ele contava aquela história, abraçando-a. Ela levantou a cabeça e se pôs ao lado dele.
- Um dia sei que não vou mais voltar...
Ao dizer isso, ele voltou os olhos para ela. Os olhos dele já estavam úmidos e as lágrimas insistiam em continuar.
- Eu sei que não vou mais voltar... Porque... Porque não precisarei mais ir embora. Não sentirei mais vontade disso.
Ele sabia e continuava disposto a esperar que esse dia chegasse.

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